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Greta em Portugal. "Ninguém está a fazer o suficiente"

Atualizado: 17 de jan. de 2020

A jovem ativista sueca desembarcou esta terça-feira na Doca de Santo Amaro, em Lisboa. Greta Thunberg alertou para a necessidade de se continuar a luta pelo clima e agradeceu a receção dos portugueses.

Fotografia: REUTERS/PEDRO NUNES

Greta Thunberg já chegou a Portugal. Depois de 21 dias a bordo do catamarã La Vagabonde, através do qual partiu dos Estados Unidos, a jovem sueca de 16 anos atravessou o Atlântico em direção a Lisboa, onde vai ficar dois dias antes de rumar a Espanha para a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP25).


Cinco horas depois da previsão inicial, que apontava a chegada de Greta para as oito da manhã, a embarcação que serviu de transporte para território europeu atracou na Doca de Santo Amaro, em Alcântara. À espera do rosto da luta pelo clima estavam dezenas de ativistas portugueses, entre as quais Matilde Alvim, uma das organizadoras da Greve Climática Estudantil em Portugal, ao lado do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, e de José Maria Cardoso, deputado do Bloco de Esquerda e líder da comissão parlamentar do Ambiente.


Ainda o catamarã não tinha atracado e já se ouviam manifestações pela ativista. Já com os pés assentes em terra, depois de sair da embarcação, foi recebida pelos deputados e pelas dezenas de jornalistas e admiradores presentes no local. Fernando Medina agradeceu a presença da jovem em Portugal, saudando a sua manifestação pelo clima porque "precisamos de agir em conjunto para ganhar esta batalha".


"Precisamos de uma alteração de sistema, não de uma alteração climática"


Matilde Alvim discursou em nome do movimento climático português, começando por dizer que "a nossa casa está a arder", uma das mais célebres frases de Greta. A jovem portuguesa reforçou a mensagem da consistente necessidade de justiça climática, afirmando que, em Portugal, "é necessário atingir a neutralidade de carbono até 2030".


Além disso, é necessário "manter os combustíveis fósseis no solo, providenciar energia limpa para todos" e, a medida mais aplaudida, "cancelar todos os projetos de um novo aeroporto" no Montijo, cuja inauguração está prevista para 2022.


"Precisamos de uma alteração de sistema", relembrou Matilde, algo que "ainda estamos longe de atingir". Para tal, ressalva que não se importa de perturbar "os detentores do poder", que não estão a fazer o suficiente para reverter a situação atual. Esta é, no entanto, "a luta da nossa geração", da qual "não vamos desistir". Agora, "somos como a Greta", a quem a jovem agradece pela inspiração. "Por favor, não pares. Juntos iremos mudar o sistema e haverá justiça climática para todos", rematou.


"Ouçam a ciência e ajam"


Antes do discurso de Greta, ainda se ouviram as palavras de Abel Rodrigues, jovem natural da Amazónia, no Brasil, que alertou para a desflorestação da região, além dos testemunhos dos restantes membros da tripulação do La Vagabonde, catamarã que trouxe Greta até Lisboa.


No momento em que se chegou ao microfone, Greta sorriu e agradeceu a receção calorosa "nesta bonita Lisboa". O discurso começou por atualizar o que sentia depois de três semanas em isolamento, mas o reforço da mensagem de luta pelo ambiente não tardou. A sueca frisou que vai continuar a usar a sua voz para "pressionar" os líderes políticos a tomarem ações contra as alterações climáticas, para que estes nos "assegurem que priorizam o problema. Não vamos parar".


Fotografia: Manuel de Almeida/LUSA

Em resposta aos jornalistas, quando questionada sobre os esforços de Portugal no sentido de alcançar neutralidade carbónica, entre outras medidas, Greta afirmou não conhecer o caso específico, mas deixa a nota sobre algo que tem como certo: "nenhum país está a fazer o suficiente, ninguém o está a fazer". É, por isso, essencial que todos se façam ouvir. Em vésperas da COP25 em Madrid, Greta promete "continuar lá a luta, para garantir que dentro destas instalações sejam ouvidas as vozes das pessoas e das gerações futuras".


Thunberg espera, assim, que os líderes mundiais "compreendam a emergência da situação" em que vivemos, pedido a todos que "ouçam a ciência e ajam". Questionada sobre que soluções concretas face à resolução da crise do clima tem para apresentar, a jovem sueca é perentória ao afirmar que "quem está no poder tem de dar ouvidos à ciência", não competindo "a nós, crianças e adolescentes, apresentar qualquer tipo de plano", mas sim levantar a voz e pedir a atenção daqueles que podem agir de forma efetiva. "As pessoas subestimam a força das crianças zangadas", sublinha.


Greta em Lisboa durante dois dias


Ao contrário do que estava previsto inicialmente, em que os órgãos de comunicação social davam como certa a partida de Greta Thunberg para Madrid no mesmo dia em que chegou a Portugal, a ativista vai ficar dois dias em território luso. No entanto, de acordo com a organização da visita, a jovem não tem previstas mais iniciativas para estes dias.


Depois de três semanas no mar, Greta tem "de descansar, de me organizar para saber o que se passa e ter tudo o que preciso e depois irei para Madrid”, onde decorre a cimeira das Nações Unidas sobre o clima (COP25). Greta participa na conferência climática, que começou na segunda-feira e que junta representantes de quase 200 países, signatários do Acordo de Paris.


O Ponto e Vírgula esteve em direto de Lisboa


A chegada de Greta Thunberg a Portugal foi acompanhada em direto pelo Ponto e Vírgula, numa parceria com a Greve Climática Estudantil de Lisboa.


Matilde Alvim, que recebeu e introduziu Greta na conferência de imprensa, e Andreia Galvão, representante do movimento, foram as correspondentes do Ponto e Vírgula diretamente da Doca de Santo Amaro, em Alcântara. O acompanhamento foi realizado a par e passo no Instagram do jornal, em @jornalpontoevirgula.


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