Prémios Nobel 2019
- Sofia Matos Silva
- 26 de dez. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 13 de jan. de 2020
O Ponto e Vírgula construiu uma infografia com os galardoados pela Academia Sueca.

Apesar de, ao longo dos anos, os prémios em memória de Alfred Nobel terem vindo a perder alguma da sua importância na opinião pública e até, alguma da sua credibilidade, a verdade é que os Prémios Nobel continuam a ser dos mais importantes prémios contemporâneos. Talvez não tenham tanta relevância para o cidadão comum, mas os Nobel são importantíssimos para a comunidade científica internacional.
Os prémios possuem um calendário próprio e foram anunciados no início de outubro: Medicina dia 7, Física dia 8, Química diz 9, Literatura a 10, Paz a 11 e Economia a 14.
“Por descobertas teóricas em cosmologia física” e “Pela descoberta de um exoplaneta orbitando uma estrela do tipo solar”.
James Peebles, Michel Mayor e Didier Queloz foram os laureados com o Nobel da Física. No entanto, o prémio foi dividido por duas descobertas diferentes. Peebles previu, há quase 50 anos atrás, a existência de radiação libertada no Big Bang – que funciona como uma espécie de eco. Essa existência foi recentemente confirmada, sendo essencial para a compreensão da formação e evolução do Universo. Já Mayor e Queloz foram responsáveis pela descoberta do primeiro exoplaneta – um planeta situado fora do Sistema Solar – através de uma técnica que remete ao Efeito Doppler para medir pequenas oscilações em estrelas. Esse primeiro exoplaneta, descoberto há 24 anos, está a 50 anos-luz do nosso planeta e foi batizado de 51 Pegasi B. Desde então, já se descobriram mais de 4 mil.
“Pelo desenvolvimento de baterias de íons de lítio”.
O Nobel da Química deste ano foi atribuído a três cientistas, que não trabalharam juntos, mas que desenvolveram trabalho que se complementou. M. Stanley Whittingham é britânico e foi quem iniciou a exploração do uso de lítio metálico, mas percebeu que o material ainda era reativo e corria o risco de causar explosões. John B. Goodenough é americano e introduziu o uso de óxido de cobalto intercalado com íons de lítio, de forma a criar baterias mais potentes. Em 1985, o japonês Akira Yoshino integrou as duas descobertas e criou a primeira bateria de íons de lítio comercialmente viável.
“Pelas descobertas de como as células percebem e se adaptam à disponibilidade de oxigénio”.
A investigação de William G. Kaelin Jr., Sir Peter J. Ratcliffe e Gregg L. Semenza foi essencial para os avanços no tratamento do cancro e das doenças cardiovasculares. O Nobel da Medicina foi, assim, atribuído pela análise profunda de como a quantidade de oxigénio existente influencia o metabolismo das células; a diminuição da concentração de oxigénio, denominada de hipoxia, é uma das caraterísticas das células cancerígenas.
“Pelo trabalho influente que, com engenhosidade linguística, explorou a periferia e a especificidade da experiência humana.”
Depois de estar envolvido em polémicas, o Nobel da Literatura voltou a ser atribuído. Ao austríaco Peter Handke foi atribuído o prémio de 2019, pela sua escrita experimental e fora do comum. O trabalho de Handke é extenso e vai de peças de teatro, a romances, a argumentos e a poemas. A Academia Sueca decidiu, igualmente, atribuir o prémio referente a 2018, sendo a galardoada a polaca Olga Tokarczuk.
“Pelos seus esforços para alcançar a paz e a cooperação internacional e, em particular, pela sua iniciativa decisiva para resolver o conflito de fronteira com a vizinha Eritreia”.
O anúncio mais aguardado foi, naturalmente, o do Nobel da Paz. Este ano, o prémio foi atribuído a Abiy Ahmed Ali, primeiro-ministro da Etiópia, por ter conseguido resolver o conflito entre o seu país e a Eritreia. Mais de 80 mil pessoas foram mortas ao longo dos últimos 20 anos nesta disputa pelo controlo da fronteira. Abiy Ahmed Ali também está a tentar tornar o país numa nação socialmente mais justa. Ampliou os direitos das mulheres, libertou presos políticos e tornou mais claras e abertas várias das políticas do governo.
“Pela sua abordagem experimental para aliviar a pobreza global”.
Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer receberam o Nobel da Economia deste ano. Formalmente denominado de Nobel das Ciências Económicas do Banco Central da Suécia (do sueco Sveriges Riksbank), este é o único prémio que não é financiado pela Fundação Nobel, mas sim pelo dinheiro público. O indiano, a francesa e o norte-americano foram galardoados por terem contribuído largamente para que a economia do desenvolvimento seja uma área de investigação em grande expansão.

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