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First Breath After Coma: “Cultura é aquilo por que nós nos movemos”

Atualizado: 13 de jan. de 2020

"São cinco cabeças viradas para o mesmo sítio, que funcionam como uma". A entrevista com do Ponto e Vírgula com os First Breath After Coma.


Fotografia: Sofia Matos Silva

Roberto Caetano, Telmo Soares, Pedro Marques, Rui Gaspar e João Marques são os cinco membros desta banda de Leiria. No currículo trazem The Misadventures of Anthony Knivet (2013), Drifter (2016) e NU, lançado a 1 de março. Depois de dois trabalhos focados no exterior, NU oferece o convite para uma viagem apenas de ida aos cantos mais escondidos do quinteto.


Em NU, música e imagem estão intrinsecamente ligadas. Cada vídeo musical é uma peça do puzzle, um capítulo do filme. Sendo um álbum visual pensado na sua totalidade, a história apenas pode ser compreendida se for ouvida a duração completa. A componente visual esteve a cargo da CASOTA Collective, da qual Telmo, Pedro e Rui são membros. Desta forma, a banda conseguiu controlar todos os aspetos da criação de NU, de uma forma que nunca antes tinha acontecido: é um trabalho dos cinco do primeiro segundo ao último frame.

É um álbum cru, feito puramente de emoção e talento. Quem o ouve, é sugado para este mundo que é o dos First Breath After Coma. Mesmo que a música não seja totalmente compreendida – improvável, mas não impossível -, o filme não deixa margem para dúvidas. As emoções são fortes e chegam às profundezas de cada um de nós.


Depois dos concertos de promoção do disco, surgiu agora uma nova oportunidade: abrir os concertos dos Efterklang, em Lisboa e no Porto. Os First Breath After Coma tocam pela primeira vez NU na íntegra. O Ponto e Vírgula teve oportunidade de conversar com Roberto e Telmo umas horas antes da apresentação no Hard Club.

A banda na apresentação do NU para imprensa, em fevereiro do ano passado. | Fotografia: Sofia Matos Silva

Como nasceu esta banda?


Telmo: Quando tínhamos 14 anos conhecemo-nos na escola – não todos nós, mas, eu, o Pedro e o Rui - e começamos uma banda de garagem de miúdos. Começamos a querer dar concertos e deparámo-nos com um problema: não tínhamos vocalista. Entretanto, um pouco ao acaso, o Roberto deparou-se connosco. É uma história engraçada.

Roberto: Eu tinha 18 anos, sou mais velho do que eles uns anitos. E nesse verão de 2008 foi a primeira vez que fui a Paredes de Coura. Um bocadinho com a ajuda de fumos e assim, que é o habitual por Coura… eu sempre cantei por casa, só para mim, mas ali libertei-me e algumas pessoas disseram que tinha jeito e aquilo ficou-me no ouvido. Duas semanas depois, numas festas da aldeia onde nós temos a nossa sala de ensaios, estava a estacionar o carro e vinha a ouvir Arctic Monkeys ou The Strokes, uma coisa assim do género, e eles iam a passar e ouviram. Meteram conversa, disseram que gostavam imenso da banda, depois começamos a conversar e marcamos um ensaio. E pronto, a primeira vez que cantei para alguém e que cantei para um microfone foi no primeiro ensaio com eles. A partir daí fiquei com eles. Mais tarde, chegou o João, a meio do primeiro álbum. E desde então temos continuado com este grupo.


Como nasceu “Escape”, esse primeiro single que muitos consideram ser a melhor música da banda?


T: Na altura andávamos fascinados com o microKORG, que é um sintetizador pequenino. Hoje em dia desapareceu da nossa composição, já não é um dos instrumentos que usamos, mas na altura era um fascínio para nós, porque estávamos muito habituados àquela formação clássica de bateria, guitarra, baixo e voz. E, de repente, surgiu ali um sintetizador, uma sonoridade completamente diferente. Acho que a “Escape” surgiu daquele som inicial que se ouve, que depois se vai estendendo ao longo de toda a música. A brincar com o sintetizador, chegámos àquele meio arpejo, nem sei bem o que é aquilo, e foi uma boa base para começar a construir. Não sei se foi a primeira, mas foi uma das primeiras músicas que fizemos.

R: Não foi a primeira música que fizemos.

Então qual foi?

R: Foi a “Punch The Air”.

T: Ah, sim. Também é do mesmo álbum.


Para além de músicos, são também contadores de histórias. Onde vão buscar inspiração, a base para estas histórias?


T: No primeiro e no segundo álbum tínhamos a forma de nos inspirarmos em coisas exteriores, em filmes, em livros, em músicas, em fotografias. Sempre gostámos muito disso. Até por isso é que tínhamos este bichinho de fazer uma banda sonora, um dia, para uma longa-metragem. Ainda não aconteceu, mas esperamos que um dia aconteça, porque gostamos muito disto. Pegar numa história, pegar num conceito, e construir um disco a partir disso. Curiosamente, neste último álbum, invertemos um bocado a situação. Não estamos a contar histórias de outros, estamos a contar a nossa própria história, e essa é a particularidade do NU.

Concerto no Maus Hábitos em janeiro de 2018. | Fotografia: Sofia Matos Silva



Que história queriam contar no Misadventures?


T: No primeiro ainda nos estávamos a descobrir.

R: É um disco muito conceptual, em que tínhamos apenas uma imagem na cabeça. Um escafandro, um fato de mergulho, e como é que seria estarmos no fundo do oceano dentro do escafandro. Era assim algo muito submerso e intrínseco, tipo uma coisa muito só nossa. E essa imagem acabou por ser o primeiro ponto de partida para a construção do álbum, foi uma imagem que quisemos passar para som. Depois acabamos por descobrir uma história muito engraçado à volta do escafandro que envolvia portugueses. O primeiro disco é, então, muito conceptual, um pouco à volta das aventuras e desaventuras desse marinheiro inglês, que foi capturado por portugueses e foi feito escravo. Acho que o primeiro disco fala assim de uma parte mais negra, consoante a história e o mood quando fomos descobrindo mais sobre essa personagem. É claro que tem sempre aquela parte nossa, de nos identificarmos mais com isto ou com aquilo, ‘isto já nos aconteceu’, e juntarmos ali algo que é nosso.


E no Drifter?


T: O Drifter foi um álbum muito mais de sensações e emoções. O primeiro ainda era muito ingénuo - porque nós ainda éramos muito ingénuos, foi a primeira vez que nos propusemos a fazer um álbum de músicas só nossas. O segundo já se nota um bocado mais de preocupação com vários aspetos, e foi o álbum onde aprendemos todas as fases do processo. No primeiro ainda andamos a patinar. E a nível de conceito, ao contrário do primeiro, não tem ali uma história; queríamos que fosse mais livre e que contasse a sua própria história. Mas é propositadamente também um álbum pouco narrativo. Ou seja, as histórias são baseadas em emoções e reações ao mundo à nossa volta, não são sempre narrativas claras. Talvez uma música ou outra o sejam mais, a “Dandelions” é uma música que até tem um lado bastante narrativo, mas muitas delas são simples imagens sonoras.

R: Paisagens sonoras.

Concerto do dia da entrevista. | Fotografia: Sofia Matos Silva

Como é que estes discos se ligam? Como evoluíram de uns para outros?


R: Acaba por ser uma evolução normal. Nós não nos contentamos muito com arranjar uma fórmula vencedora, ‘gostaram, vamos manter a mesma sonoridade’. Não. Gostamos muito de explorar, e somos bastante ecléticos naquilo que ouvimos, e depois misturamos tudo. O NU foi completamente diferente dos primeiros dois; o Drifter não foi tão diferente, mas também já foi diferente do Misadventures. O quarto até pode ser outra cena qualquer diferente. Acho que é muito aquilo que sentes e aquilo com que mais te identificas no momento, e tentar procurar coisas novas nessa altura, nesse estado de espírito.

T: Acho que os álbuns estão a crescer connosco. É engraçado porque, se começas a fazer um álbum aos 40 anos, e depois fazes outro aos 43 e outro aos 46, é menos provável… se bem que há pessoas que fazem isso de uma forma espetacular, o David Bowie foi-se reinventando toda a vida. Mas é mais difícil. Nós por acaso temos aqui um álbum que nos apanhou na juventude, outro que apanhou a entrada na fase adulta, outro agora já numa fase adulta. Está a acompanhar o nosso crescimento e acho engraçado isso ficar registado em formato de áudio.


Como funcionava o vosso processo criativo pré-NU?


R: Era tudo ao molho e fé em Deus.

T: Era um bocado mais baseado em ensaio como banda, muito à base de jam. Nós combinávamos horas de ensaio e sentávamo-nos os cinco a tocar. Passávamos bastante tempo a tentar descortinar algo dali que soasse bem e que desse para trabalhar. O NU já não foi assim, foi uma coisa muito mais pormenorizada, mais cirúrgica. Havia ali aquele conceito que era interessante trabalhar, então fomos trabalhá-lo com calma, sentados ao computador muitas das vezes, ‘agora vamos tocar mais este instrumento’, ‘se calhar já não faz falta mais nenhum instrumento, vamos parar por aqui’. Foi mais limpo, mais cirúrgico. Se calhar os outros tinham o lado bom de serem mais live, e depois acabar por nos sair mais naturalmente e resultar muito bem ao vivo. Porque nós o tocávamos como se estivéssemos a tocar ao vivo, então depois quando o apresentávamos nos concertos, era automático; simplesmente saía da sala de ensaio para o concerto. O NU já tivemos um pouco mais de receio e foi mais complicado transportá-lo para o ao vivo; felizmente acabamos por conseguir fazê-lo bem.


Porque resolveram ir todos para aquela casa e viver lá?


R: Porque a casa estava desabitada e nós já há algum tempo que queríamos ocupar os vários espaços à volta - a casa era um desses espaços. Achávamos que era fixe fazer lá residências e então decidimos começar nós com isso. Avançámos, tentamos reabilitá-la de um modo básico, para que desse para lá estarmos 6 meses enquanto estávamos a fazer o álbum. E, também, porque pensámos que se estivéssemos os cinco ali a viver durante seis meses, íamos estar a fazer som 24 horas, era só descer as escadas e tínhamos a nossa sala de ensaios. E depois foi esse processo um bocado… acabou por acontecer esse processo de que nem estávamos à espera. Fomos percebendo as dinâmicas uns dos outros, uns trabalham melhor de noite, outros de dia, outros à tarde; acabou por ser muito raro estarmos lá num processo inicial de criação os cinco ao mesmo tempo. E isso acabou por trazer ao NU algo mais íntimo, mais pessoal, com pedacinhos de cada um nas músicas. Foi uma maneira diferente de fazermos o álbum; estavam oito telas dentro da sala de ensaios e depois passavam lá dois e faziam uns rabiscos, depois vinham outros dois, depois vinha um sozinho. E eu acho que essa feliz ideia de reabilitar a casa acabou por mudar, sem querer, o nosso processo criativo. Ainda bem que o fizemos.


Foi difícil, passar do exterior, de contar histórias sobre outros, para falar sobre vocês mesmos? Quais foram os principais desafios?


R: Eu acho que nós tínhamos um bocado de medo, aquela falta de coragem de realmente dizer o que queremos, - nem que seja certas palavras, como usar love numa música, ou baby, ou o que quer que seja. Tínhamos um bocado de medo de as usar, parece que estávamos um bocado constrangidos com aquilo que podiam dizer de nós. E acho que mandámos tudo à fava. Decidimos ser simplesmente nós, falar daquilo que realmente nos apetece falar e daquilo que se passa connosco cá dentro; daquilo que cada um individualmente sentiu, mas que ao longo da vida acaba por ser transversal, porque todos temos esses sentimentos de fragilidade. Acho que essa foi a maior barreira que passamos a nível lírico, ‘vamos falar sobre nós’.

Concerto do dia da entrevista. | Fotografia: Sofia Matos Silva

Quem escreveu/compôs cada música? Ou, de outra forma, que música é mais pessoal para cada um de vocês?


R: Tens a “Please, Don’t Leave”, que é letra do Telmo. Foi ele que sentiu aquele sentimento e que o passou para nós. Ele sentiu aquilo, naquele momento o sentimento estava fresco, e passou-o para o papel e para nós. E nós pensamos, ‘bem, já senti isto’’. A “I Don’t Want Nobody” é letra do Rui. É uma canção em que conseguimos ver o Rui ali, mas em que vemos a letra e sabemos que também já passamos por aquilo. A “Heavy” foi mais da minha parte. A “Change” é uma que é de todos, porque é quase um resumo de tudo o que tentamos construir desde que iniciamos este projeto de originais, que demostra essa coragem e essa persistência de querer fazer algo para lá de fazer música que nos dê dinheiro. Aquele estigma de se a música vai dar dinheiro ou não vai. Já desistimos disso, há outras coisas que são mais importantes. A “Change” é mesmo esse apelo à mudança de pensamento, de que, se calhar, não é o dinheiro que importa na arte. Claro que faz falta, mas há outras coisas a que se deve dar mais valor.

T: É curioso porque o álbum tem essa particularidade. Nos outros álbuns já havia essa liberdade, mas pela primeira vez cada um teve o seu canal aberto. Decidir ‘tenho alguma coisa a dizer nesta música’, e disse, e disse do início ao fim. Antes tínhamos um método muito coletivo de escrever as letras. Pela primeira vez não foi tanto assim. Houve algumas que foram, mas a maioria não, e isso é bom. Porque as letras acabam por ser sentidas por todos de qualquer forma, e, assim, acabam por ser muito mais genuínas e autênticas. Aquela pessoa sangrou, mandou tudo o que tinha a mandar cá para fora naquela música e naquela letra. E, depois, nós acabamos por sentir por compaixão ou por associarmos à nossa própria vida.


Como se lembraram de fazer um álbum visual?


T: A cena já é muito antiga. Nós já estamos ligados ao audiovisual desde o início, no sentido de termos imagens e vídeos nossos para as nossas músicas. Por exemplo, a “Escape” tem um videoclip que foi feito por nós. Um videoclip muito amador, com muito poucos recursos e conhecimentos; na altura achamos que, para os poucos recursos que tínhamos, não fazia sentido estar a entregar aquilo a alguém, então pusemo-nos nessa aventura de criarmos nós o nosso próprio vídeo. Sempre tivemos essa curiosidade. Até porque dois de nós temos formação nesta área; na altura não tínhamos, mas hoje em dia temos. E era só uma questão de tempo até chegarmos a um álbum em que decidíssemos ‘este álbum vai ter que ter um filme que o ilustre do início ao fim”. Era uma ideia que já vinha de há bastante tempo, antes do Drifter já andávamos a falar que um dia tínhamos que fazer isso. Agora foi a altura certa.


Concerto no Hard Club em março de 2019. | Fotografia: Sofia Matos Silva


Quem criou o conceito dos vídeos? A narrativa, a fotografia, a interligação entre capítulos…


T: Todos. Acho que a oportunidade que tivemos de estar a viver juntos fez com que pudéssemos ir reunindo, ir sentando à volta de uma mesa a pensar conceitos, a narrativa e que referências visuais associar a cada capítulo - porque o álbum visual está dividido em capítulos. A cozinha da nossa casa tinha uma das paredes preenchida com folhas A4, escritas com palavras chave, com bocadinhos de ideias para o guião, com fotografias de referência que nós fomos imprimindo e colando na parede. Foi uma das vantagens de estarmos todos juntos a viver durante esses meses. Foi sem dúvida da cabeça de todos nós.


Porquê aquelas palavras em específico?


T: É engraçado porque a narrativa do filme surgiu daquela maneira… ou seja, nós começamos a pensar, já tendo a maior parte das músicas, em como iríamos tornar aquilo numa história e numa narrativa. E uma das formas que achámos mais simples de arrancar foi começar a dar palavras chave a cada música. Decidimos uma só palavra que todos achávamos que definia aquela música. ‘Esta música é angústia’. E decidimos isso assim, e isso fez com que criássemos uma linha narrativa, um guião onde a nossa personagem passa por diferentes fases da sua vida e encara-as de forma diferente. Isso deu aso a um vídeo, a um filme, e, no fim, fez sentido a todos dividir aquilo por capítulos, porque foi a maneira como inicialmente o tínhamos pensado. Foi basicamente pôr o nosso brainstorm no resultado final.


E todo aquele simbolismo, de onde vem?


T: O labirinto foi provavelmente o conceito que uniu todos estes aspetos. Era realmente a única coisa que desde o início era um ponto assente, à volta do qual ia revirar o álbum todo. Nós pusemo-nos a pesquisar sobre o labirinto, mitologia grega, mitologia romana, que histórias há à volta do labirinto, qual a simbologia do labirinto em diferentes culturas e foram-nos surgindo… por exemplo, há uma frase do Murakami que eu não vou conseguir citar porque é bastante longa, em que ele fala do labirinto e até faz referência a uma cultura antiga qualquer que associava o labirinto às entranhas do ser humano. Havia um ritual em que usavam as entranhas de um animal como a representação da vida como um labirinto, aquele emaranhar de caminhos, e ele associa isto ao ver o mundo de fora para dentro e de dentro para fora. Acho que foi o simbolismo desta coisa tão enigmática que é o labirinto. Temos o mito de Ícaro, que também está presente no álbum. Tudo isto fez com que o álbum ganhasse uma vertente bastante misteriosa e espiritual que, depois, também nos inspirou para as músicas.


Porquê a criança nuns capítulos e o homem noutros?


R: Isso tem a ver com a linha cronológica, com a ideia do nascer. Começa com o bebé e acaba com uma pessoa adulta, que já viveu, já amou, já sofreu, já perdeu, e que, se calhar, encontrou o seu centro, o seu ponto de equilíbrio, a sua calma, a sua paz. É um fio condutor; começa na fragilidade de quando somos pequenos. Ao longo da vida aprendemos a lutar contra a fragilidade e há uns que conseguem e outros que não, uns que resolvem de uma maneira e outros de outra.

T: Neste caso foi claramente isso, mas é engraçada a pergunta porque já não é a primeira vez que pomos crianças num vídeo. No Misadventures temos a “Escape” com uma criança; mais tarde no Drifter fizemos a “Nagnami” que também envolve uma pessoa grávida. Esta ideia de bebé, criança, a infância, é algo que sempre nos apelou muito, não sei se por uma questão conceptual ou se simplesmente porque as ideias vão sempre parar a isso, mas é engraçado. Porque na infância é quando nós somos mais verdadeiros a nós próprios e acho que é um bocadinho isso que nós vamos buscar quando usamos uma criança num vídeo nosso.

Concerto no Festival Paredes de Coura em agosto de 2019. | Fotografia: Sofia Matos Silva


Quem tem criado o artwork dos discos?


T: O primeiro disco, o artwork foi feito por um designer de Leiria, que se chama João Diogo. A fotografia do pirata é do Ricardo Graça, que também é de Leiria. O segundo álbum já foi um artwork que nós encontrámos de uma artista plástica cá do Porto, a Maria Louceiro, que, entretanto, foi viver para fora - acho que está a trabalhar em Berlin - e está a dar-se muito bem nesta área. Está a conseguir vingar nesta área, e ela realmente merece porque tem muito talento. Ela faz uma mistura interessante entre fotografia analógica e quase colagens e meio edição, meio fantasia, brinca com a fotografia, mas dá-lhe ali um lado muito mais irrealista, muito mais metafórico. E as fotografias dela muitas vezes nem sequer parecem fotografias. No nosso caso, até nem é uma fotografia, que é no que ela é melhor e é o que ela anda a fazer hoje em dia, mas é uma colagem que ela fez quando ainda estava a estudar, julgo eu. Lembro-me de, na altura, ela comentar que era algo que ela tinha feito alguns anos antes. E nós achamos muita graça, encontramos na internet, falamos com ela e pronto, usamos aquela imagem. Fez todo o sentido aquela silhueta feminina. Este último foi literalmente palavra chave, conceitos, nudez, labirinto. De repente, surge um quadro no Instagram de um pintor holandês que parecia que tinha sido feito por encomenda para nós, para ilustrar este álbum; que caiu sem dúvida que nem uma luva. Nós contactamos o pintor, é um senhor bastante simpático que vive na Holanda e que tem um talento enorme. Nós temos um amigo nosso pintor, o Leonardo Rito, e ele já nos disse que nem sequer é dos melhores quadros dele, porque ele tem realmente quadros muito bons com muita qualidade. Mas aquele era o que fazia mesmo sentido. E o resto é branco, simples. Essa parte gráfica foi feita por um grande amigo meu que também é designer, o Pedro Neves. O objetivo era simplificar e dar destaque ao quadro, branco quase como as paredes de um museu.

R: O pintor chama-se Kenne Gregoire.


Pegando no assunto do vídeo, como nasceu a CASOTA Collective?


T: A CASOTA nasceu porque eu e o Rui estudamos audiovisual. Acabamos o curso e precisávamos de escolher uma direção, tínhamos de perceber o que íamos fazer com o curso. Na altura, a banda estava numa fase de muitos concertos, tínhamos acabado de lançar o Drifter, foi uma altura de muita agitação. E precisávamos de começar a trabalhar, a exercer aquilo que tínhamos andado a estudar, e a melhor maneira de conciliar isso com a banda era sermos patrões de nós próprios. Então, decidimos criar a nossa própria empresa, onde podíamos fazer vídeos, e juntou-se logo de início o Pedro, que é o nosso baterista, e o Miguel, que é um grande amigo nosso e que hoje em dia é o road manager da banda. Começamos a trabalhar, inicialmente, muito entre amigos, a fazer trabalhos para músicos. Um dos primeiros grandes trabalhos que tivemos foi para os Nice Weather For Ducks, que são também uma banda de Leiria. Assim bandas de amigos. O segundo grande vídeo que fizemos foi uma produção ambiciosa para a experiência que tínhamos, e foi para nós próprios, para a banda - e o Roberto e o João ajudaram do início ao fim. Eles os dois sempre tiveram esta ligação muito direta à CASOTA, porque a CASOTA acaba por ser muitas vezes quase uma extensão da banda, já que tem colaborado com a banda desde sempre. E pronto, hoje em dia finalmente chegamos a um ponto em que a CASOTA é algo e que tem tido trabalho noutras áreas fora da música, já não trabalhamos só para amigos e dá-nos essa liberdade de, se quisermos ir um mês em tour, podermos arrancar e não ter que dar justificações. Foi esse o principal objetivo.


Quais são as vossas influências?


R: Acho que temos todos influências a nível de cinema, de vídeo, de literatura. Depois dentro da música temos influências, como é óbvio, ninguém foge às influências. As nossas passam por Efterklang, por exemplo, para quem vamos abrir esta noite. Bon Iver, Sigur Rós. Depois entram outras influências a nível de eletrónica, Kiasmos, depois a nível de hip-hop e R&B, Anderson Paak. Vamos navegando em muitos sentidos e vamos explorando muitas influências.

T: Acho que o conceito de influência é um bocado complicado, por isso é que os músicos têm tanta dificuldade em dizer. Porque a música que ouvimos no nosso dia a dia pode não ter influência nenhuma na nossa música. Ou seja, por exemplo, nós agora na viagem viemos em carros separados, carrinha e carro, e no nosso carro vínhamos a ouvir slows dos anos 70 e 80 e não é isso que nos influencia. Nós hoje vamos tocar e quando fizermos um álbum não vamos estar a inspirar-nos na música da “Piña Colada”. Não é tão direto quanto isso. Inspirações, por exemplo, para este álbum nós sabíamos que queríamos um lado soul e um lado gospel, e por isso pusemo-nos a ouvir coisas que sabíamos que nos iam puxar para esse mundo. Lembro-me de termos a ideia de usar alguns samples e termos andando a ouvir música afroamericana, na altura pós e durante a escravatura, que é música muito acapella – os escravos não tinham acesso a instrumentos, como é óbvio – e era uma coisa muito melódica e muito sentida. E é só um exemplo de uma coisa que nós nunca na vida estamos no carro a ouvir e que usamos como influência para um álbum. E há coisas que eu ouço com muita regularidade e que nunca na vida influenciaram diretamente nenhuma música nossa.


Falaste de Efterklang, como é que isto aconteceu?


R: Nós já tínhamos falado que um dia seria fixe fazer uma música com o Casper, o vocalista dos Efterklang. E isso nunca foi para a frente, nunca chegamos a contactá-lo sequer. E agora nós este ano no Festival A Porta fizemos uma performance que foram 24 horas sempre a tocar, e às tantas da manhã aparece lá o Casper dos Efterklang, que foi só curtir o festival. Não sei, soube por alguém, apareceu lá, e acabou por fazer parte do 24 horas durante um tranche de tempo e nós ficamos bué contentes, claro, de ele ter alinhado na nossa cena. Passado uns meses surgiu a oportunidade, não sei de que parte veio, mas o nosso manager perguntou-nos se estaríamos interessados em abrir os concertos dos Efterklang e surgiu assim.


Vocês às vezes resolvem fazer assim umas coisas meio malucas. Como surgiu o 24 horas?


T: Eu acho que é por isso mesmo, somos malucos.

R: Nós gostamos muito de nos pôr à prova e de conhecer os limites. Acho que é quando tu conheces o teu limite que consegues dar mais um passinho à frente, e há portas que se abrem, há coisas novas que se abrem, há algo de novo que aparece à frente. E isto, lá está, foi uma ideia que já tinha surgido há uns tempos atrás. O Gui, que é quem produz o Festival A Porta em Leiria, perguntou-nos se queríamos andar com isso para a frente, e fomos. E volta e meia fazemos este tipo de coisas, só para ver o que é que acontece e o que é que dá. E, neste caso, deu muita coisa. Deu esta cena com o Casper, que se nós não o tivéssemos feito, se calhar isto não estava a acontecer, e está a dar-nos um prazer enorme. E também deu para testar a nossa capacidade de improviso durante 24 horas, de estamina, de conseguir aguentar um esforço físico grande, tanta coisa. Também, na parte do público, deu para mostrar às pessoas que nós nos esforçamos muito naquilo que fazemos, na música e no sonho que temos. Leiria é fantástica nisso porque apoia imenso os projetos musicais, as artes plásticas, a literatura. Leiria apoia muito isso e deu para perceber que o nosso esforço e a nossa vontade de chegar mais longe passa para as pessoas. E as mesmas pessoas dão-nos muita força de volta e acreditam em nós e isso foi muito bonito. Nos últimos minutos da performance deu para perceber que houve uma cidade que nos deu força, que nos encheu, que passou lá e que nos dá força para continuar. São aventuras megalómanas e estúpidas, mas que têm algo de muito puro por dentro.


Planearam ou foi tudo improviso?


T: Não planeámos nada. Nem sequer conversamos sobre as coisas. Para já, nós participamos todos na organização do Festival e na produção. O Gui, que é o criador e produtor, é nosso amigo e nós participamos desde o início na equipa de produção do Festival. Ou seja, estávamos com a cabeça a mil. E o que decidimos fazer foi levar os instrumentos todos e reproduzir a nossa sala de ensaios lá. Acabou por ser giro, porque nós toda a vida fizemos isso: chegamos à sala de ensaios, sentamo-nos e começamos a tocar, a improvisar, alguém começa a tocar uma coisa e os outros começam a tocar por cima. E, como já passaram 10, 12 anos, sentimos que já temos alguma química; não propriamente técnica musical, mas temos química a tocar. Eu lembro-me de, por vezes, chegarmos à sala de ensaios e pormos um gravador Zoom a gravar e improvisarmos. Passado um tempo - sempre sem falar, só a tocar - parávamos, já não estava a dar em nada, e íamos ver e percebíamos que tínhamos estado a tocar hora e meia, sem sequer olhar uns para os outros, só a tocar. E depois pensamos, porque não fazer isto durante 24 horas? Não é assim tão fácil como parece, mas é isso. Não preparamos absolutamente nada.

R: Mesmo lá quase nem falávamos, lá percebíamos a nota, íamos pelo ouvido.

T: Tivemos momentos em que estava lá o segurança e pouca gente mais. Um pico alto deve ter sido desde as dez da noite até as cinco ou seis da manhã, muitas pessoas estavam nos bares a beber copos e depois iam lá espreitar. Mas às seis, sete da manhã, começa a amanhecer, os bêbedos começam a ir para casa, e fica ninguém lá. Fica a empregada de limpeza e o segurança. E aí ficamos nós, e falávamos uns com os outros, tentávamos fazer uma coisa mais calminha.


Como chegaram a esta identidade sonora tão específica, tão vossa?

R: Eu acho que, na nossa opinião, entre os cinco e dentro do nosso universo, temos bom gosto musical. Ou seja, daquilo que nos enche as medidas, daquilo que achamos que é boa música para se ouvir, nós os cinco temos a cabeça muito no mesmo sítio. E isso facilita logo o processo de criarmos algo nosso, porque são cinco cabeças viradas para o mesmo sítio, que funcionam como uma. É difícil quando uma cabeça tem uma ideia e quer transportá-la para algo físico, da tua cabeça reproduzires algo que estás a pensar, quanto mais cinco pessoas que estejam dispersas para sítios diferentes. E, no nosso caso, é quase como se fosse só uma cabeça a querer fazer um só objeto. E depois, também, quando fazíamos covers e tínhamos o nosso projeto de garagem inicial, já tocávamos algo fora da caixa, diferente do que os outros tocavam e do que é normal esse tipo de bandas tocar. Não éramos muito banda de cantar os clássicos que toda a gente toca, éramos mais de fazer barulho e de partir cenas. Quando fizemos o desmame para criar algo que fosse nosso, foi um processo um bocado complicado, porque estávamos muito fechados nas nossas influências. Estávamos completamente colados àquilo que tocávamos e àquilo que ouvíamos, e tivemos que acalmar um bocado e alagar horizontes. Tudo o que agora agarramos para fazer música, fomos descobrindo com o tempo, com este pensamento de começar de novo. Daí o nome; é muito mais do que uma homenagem aos Explosions In The Sky, porque nunca foi esse o nosso objetivo. O tema “First Breath After Coma” deles, a conotação que a frase tem para nós é mesmo essa, de um novo começo. Uma nova oportunidade, que é algo que nós procuramos todos os dias, fazer algo novo, criar algo que soe diferente. As influências, nunca consegues fugir delas, há sempre influências em tudo o que fazes. Mas, depois, é muito a energia que queres passar e a mensagem e a vontade com que queres que as pessoas percebam o que tu queres transmitir. E isso é tudo um conjunto de coisas que influencia a que se perceba que esta banda tem um som só nosso. É muito mais do que criares algo novo; é o teu espaço no mundo, é como tu transmites às pessoas. Isso faz muito mais a música ser tua.


Já trabalharam com o Noiserv e com o André Barros. Com que músicos gostariam de trabalhar no futuro?


R: É curioso, não lhe chamo destino, mas são energias e um cruzar de pessoas. Quando fomos vencedores do Mexefest, ainda só tínhamos três ou quatro músicas, ainda nem o álbum estava lançado. A “Escape” conseguiu levar-nos à final, e ganhámos. E quando tocámos no Vodafone Mexefest, estavam seis pessoas a ver o nosso concerto, e uma delas era o Noiserv. E nós ficamos ‘quê? quê que se está aqui a passar?’. Ele viu o concerto até ao fim (também não foi preciso muito, tínhamos quinze, vinte minutos de música) e nós já gostávamos da música dele. E foi assim, fomo-nos encontrando, fomos falando. E depois num concerto que houve no Bons Sons, o nosso primeiro concerto lá, ele também foi tocar e viu o nosso concerto e no final veio dizer-nos que tínhamos que trabalhar em conjunto, que queria fazer uma música connosco. E fomos descobrindo que o Noiserv é muito parecido connosco e que vai muito para aquilo que nós vamos. Ele tem o projeto dele, com que nós nos identificamos, e depois também tem os You Can’t Win Charlie Brown - e é exatamente a mesma coisa, é outro dos projetos portugueses de que mais gostamos. Fazia todo o sentido. E depois fomo-nos conhecendo e percebendo que tínhamos química musical - por incrível que pareça, ele é de Lisboa e nós de Leiria, no entanto funcionamos muito bem. Aconteceu naturalmente e fez todo o sentido o Noiserv entrar no segundo álbum. André Barros, aspas, aspas. Ele é de Leiria, é muito conhecido no mundo das curtas-metragens, agora ainda está a ficar mais, tem muitos anúncios, tem separadores, assim como o Noiserv tem. E são áreas completamente diferentes, mas que depois se complementam porque a sonoridade nos agrada, e a ele vice-versa. São tudo simbioses orgânicas que vão acontecendo e que é normal acontecer, as pessoas conhecerem-se e identificarem-se e quererem trabalhar juntas. Este álbum esteve para ser com a Selma Uamusse; lá está, ela gosta e nós gostamos, e depois quando se gosta, normalmente, juntamo-nos. Para este álbum acabou por não acontecer, mas as colaborações são algo que nunca tentamos forçar e encaixar, são coisas que vão acontecendo organicamente. Nós não ouvimos a Selma num tema qualquer e fomos falar com ela. Ela foi vendo os nossos concertos, foi mandando comentários, nós fomos vendo os dela, fomo-nos juntando até que um dia sai essa pergunta de uma das partes, ‘vamos fazer algo juntos?’

Então colaborações para o futuro, é ir vendo?

R: Sim. É ir vendo o que acontece.

Concerto do dia da entrevista. | Fotografia: Sofia Matos Silva

Como têm sido as tours? Quais são as principais diferenças que sentem entre atuar em Portugal e no estrangeiro?


T: São questões muito culturais, mas sentimos em países como a Alemanha que o público dá muito valor aos artistas e ao seu trabalho. E gosta de ajudar os artistas e compensá-los por isso mesmo, tem muito prazer em fazê-lo. Tínhamos pessoas que compravam discos ou vinis só porque sim, porque queriam ter aquela peça de decoração e porque queriam ajudar; diziam que já nem ouviam música em disco nem em vinil - quem é que ouve, na verdade, hoje em dia todos nós recorremos muito mais a plataformas digitais. Se calhar pela maneira como cresceram, a sociedade e a cultura alemã, também por causa do poder de compra, eles têm essa possibilidade. Acho que tem muito a ver com o meio cultural e social em que as pessoas crescem. É essa a principal diferença. Cá ainda temos uma cultura um bocadinho agarrada àquela sensação de, ‘se for à borla vou, mas se for a pagar já não vou’, ou, ‘é muito caro, não quero gastar esse dinheiro’. Temos as prioridades assim um pouco mal definidas. Todos nós, até nós músicos, acabamos por gastar dinheiro em coisas bastante mais desnecessárias e depois se virmos um bilhete para um concerto de uma banda um pouco mais caro, já não compramos. E há que mudar isso. Também tem a ver com a maneira como o Estado e a política olha para a cultura. Porque, se nós tivéssemos um meio político que dá valor à cultura, que não despreza a cultura e não a deixa no cantinho do 1% do Orçamento, que não duvida se vale mesmo a pena ter um Ministério da Cultura… parece que andamos aqui… Ainda há pouco tempo, o Luís Ferreira, que é o diretor dos Bons Sons, escreveu algo sobre este tema. Ele é muito ativo neste assunto da cultura e da política cultural, e partilhou um artigo muito interessante em que falava mesmo disso. O Estado Português já há muito tempo que encara a Cultura como, ‘estamos a ajudá-los, coitados, estamos a tentar que os artistas consigam subsistir através de apoios”, e a cultura não é isso, não é dar migalhas aos pobres coitados dos artistas. Tem que haver uma coisa muito mais digna. Cultura é aquilo por que nós nos movemos. Li uma vez uma citação qualquer em que dizia que quando há guerras ou uma grande crise, a cultura é a primeira coisa a ir, os governos têm tendência a cortar logo na cultura, mas depois a guerra deixa de fazer sentido. Estamos a lutar porquê? O principal objetivo do ser humano é evoluir, é conhecer-se a si próprio, é conhecer os outros, viver em comunidade, e isto passa em grande parte pela arte e pela cultura. E quando perdermos isso, não estamos a lutar por nada. Se de repente a cultura em Portugal for totalmente desprezada, espezinhada e deixada de parte, quem é que nós somos, qual é a nossa identidade, quem é Portugal? Acho que é um bocado isso. Nós não somos só as nossas indústrias e as nossas empresas, somos também um lado muito mais histórico e cultural e artístico.

Concerto do dia da entrevista. | Fotografia: Sofia Matos Silva

Cada um de vocês, há alguma música da banda que vos seja particularmente especial, de que gostem mais?


T: Sim, vamos tendo sempre isso. Por exemplo, o nosso álbum preferido agora é o NU. Temos esta tendência sempre, não sei se vai continuar a acontecer no quarto disco, quinto, sexto, mas, pelo menos até agora, o último álbum que fizemos é sempre o que gostamos mais. Cada um de nós tem músicas preferidas, claro. Ao vivo, acho que é senso comum, todos nós, há duas ou três músicas que adoramos tocar ao vivo. A “Feathers and Wax”, é a música que fala do mito do Ícaro e é uma das músicas que mais gostamos de tocar, muitas vezes até é a música com que fechamos o set. Depois cada um tem razões diferentes para gostar mais de uma ou de outra.


Têm algum projeto em construção? Ou só haverá álbum novo daqui a mais 3 anos?


T: Queremos ver se não. Não queremos fazer promessas de timing, mas queríamos ver se encurtávamos um bocadinho esse padrão dos três anos.

R: Talvez para dois.

T: Para dois. Para um não é de certeza. Mas para dois era fixe. Se calhar pode ser uma daquelas resoluções de passagem de ano. Ainda não temos para futuro nenhum projeto na calha, mas uma das nossas resoluções é sermos mais produtivos e mais eficazes a compor, porque nós sempre tivemos esta maneira de compor música muito lenta, muito pormenorizada - que é uma coisa boa, só que temos que começar a andar com um pouco mais de…

R: … genica.

T: Genica e estaleca, para lançar as coisas mais regularmente, que é uma coisa que todos temos vontade.

R: Menos esporádica.

T: E mais constante. Andamos aqui à volta dos álbuns, passamos meses e meses, entramos em loucos quando o estamos a fazer. E, se calhar, há outra maneira de encarar as coisas.

Concerto do dia da entrevista. | Fotografia: Sofia Matos Silva
Concerto do dia da entrevista. | Fotografia: Sofia Matos Silva
Concerto do dia da entrevista. | Fotografia: Sofia Matos Silva
Concerto do dia da entrevista. | Fotografia: Sofia Matos Silva

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