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Queer Porto 5: Filmes para desafiar preconceitos

Atualizado: 7 de nov. de 2019

No terceiro dia do Queer Porto 5, exibiram-se mais três filmes candidatos ao prémio. O Ponto e Vírgula resume os pontos principais.


Queer Porto
A Dog Barking at the Moon | Queer Porto

quinta edição do Festival de Cinema Queer Porto arrancou no passado dia 16 de outubro, no Rivoli, e prolonga-se até este domingo (20). A programação do evento recorda os 50 anos dos Motins de Stonewall e apresenta uma competição de filmes tanto ficcionais como documentais.


No terceiro dia de festival (18), exibiram-se mais três filmes candidatos ao prémio. O dia terminaria com The Gospel Of Eureka, mas antes o público teve oportunidade de conhecer A Dog Barking at the Moon Madame. Pelo meio, celebraram-se os 20 anos da Agência de Curtas-Metragens Portuguesa, através de uma sessão especial com a curadoria de Cláudia Varejão.


The Gospel Of Eureka teve direito a um enfoque especial do Ponto e Vírgula. No entanto, o resto do dia também merece ser recordado. Aqui fica o que deves reter deste terceiro dia do Queer Porto 5.


A frustração que consome tudo à volta


O primeiro filme a ser exibido foi A Dog Barking at the Moon. A ficção chinesa é a estreia da realizadora Xiang Zi no formato de longa-metragem. A narrativa não é verídica, mas é um ajuste de contas da artista com o seu passado.


Huang Xiaoyu volta à China depois de construir uma vida nos Estados Unidos com o marido francês. De regresso a casa, reencontra o casamento desmoronado entre a sua mãe tóxica e o seu pai homossexual escondido. A partir de analepses, o espetador vai descobrindo os golpes duros e permanentes que dividiram esta família representativa da classe média chinesa.


O primeiro plano do filme pertence a Huang, mas a última imagem fica entregue à mãe Juimei, a verdadeira protagonista. A temática principal prende-se pelo efeito destrutivo tanto do preconceito como das normas sociais. Focado no caso particular da China, a sucessão de eventos mostra como a mágoa e o ressentimento podem consumir uma pessoa e as relações que mantém com os seus ente queridos.


A temática, os diálogos, os planos e a incrível atuação de Naren Hua, no papel de Juimei, são os grandes destaques. Infelizmente, o filme tem um ritmo vagaroso, incluindo algumas cenas desnecessárias. A narrativa demora muito a desenvolver-se e muitas vezes repete ideias.

Nota-se alguma dificuldade em criar uma longa-metragem com uma estrutura de conteúdos que aguente o tempo de duração. A edição também é um pouco confusa, devido à forma livre de alterar entre passado e presente. Há, ainda, opções estilísticas que não encaixam, pois o filme altera entre uma realidade quase documental e cenários surreais dispersos.


Sem deslumbrar, A Dog Barking at the Moon é um aviso merecedor de reflexão sobre como não devemos abafar os nossos verdadeiros sentimentos. Mesmo que a execução não resulte por completo, o filme não deixou de ser uma boa forma do Queer Porto 5 começar o dia.


Aceitar o nosso verdadeiro “Eu”


Madame é um documentário do suíço Stéphane Riethauser. Graças a um conjunto extenso de filmagens e fotografias familiares, o realizador cria um diálogo entre si e a falecida avó que viveu para além dos 90 anos. De um lado, uma mulher à frente do seu tempo que se tornou uma empresária de sucesso e independente de qualquer homem. Do outro, o neto criado num meio conservador, misógino e homofóbico que se afirma como porta-voz da causa LGBTQ+.


A narrativa principal é sobre Stéphane, sendo este um filme bastante introspetivo. Não obstante, a madame do título, a avó Caroline, é “a musa” do realizador e da sua própria história. “Queria preservar a memória dela”, admitia o artista, depois da exibição do filme.

A batalha feminista e a luta LGBTQ+ partilham dificuldades, sendo o paralelo entre as duas causas um dos pontos mais interessantes do documentário. A forma como Caroline inspira Stéphane através da simples aceitação da identidade do neto é comovente.


E, no fundo, Madame resume-se a isso. Aceitar o nosso verdadeiro “Eu”, estarmos confortáveis na nossa pele e identidade. Depois de ultrapassado o medo, a vida fica mais fácil, mais alegre.


A banda sonora excelente e uma boa edição complementam bem o documentário. Destaque para o uso simbólico de Comme ils disent, de Charles Aznavour.

Uma mensagem esperançosa, uma avó de grande caráter e um homem que derrota o condicionamento da sua liberdade sexual. Madame tem todos os ingredientes para um serão esclarecedor sobre as dificuldades de enfrentar as expetativas da sociedade.


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