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Tête à Tête. 121 retratos de Henri Cartier-Bresson

Os retratos de Henri Cartier-Bresson chegam agora ao Porto. Martin Luther King, Jean-Paul Satre e Marilyn Monroe são alguns dos rostos que podem ser vistos na Alfândega.


Fotografia: Sofia Matos Silva

A Alfândega do Porto abriu hoje portas para acolher a exposição que dá a conhecer a vida de Henri Cartier-Bresson e alguns dos seus mais famosos retratos. Os bilhetes para espreitar o mundo pela lente do francês custam 10 euros; esta visita pode ser feita até 12 de abril de 2020. A seleção de imagens apresentada nesta exposição foi produzida e organizada numa parceria entre a Art For You e a Fundação Henri Cartier-Bresson.


Ao longo da sua carreira, Henri Cartier-Bresson produziu centenas de retratos, tanto de personalidades conhecidas como de anónimos com quem se foi cruzando nas suas jornadas. Em 1998, revisitou os seus negativos e escolheu 121 retratos para construir o livro Tête à Tête; estas são as fotografias que constituem, agora, esta exposição.


Nos anos 30, Cartier-Bresson comprou a sua primeira Leica – que pode ser vista na Alfândega - e partiu à viagem pela Europa com André Pieyre de Mandiargues e Leonor Fini. As primeiras imagens são, então, desse período – fulcral para o processo de construção do seu estilo fotográfico. Já os últimos retratos representam o fim da carreira, antes de o fotógrafo ter decidido abandonar a arte que o fez famoso e voltar a dedicar-se à sua primeira paixão, o desenho.

Fotografias: Sofia Matos Silva



Quem foi Henri Cartier-Bresson?


Henri Cartier-Bresson é um dos fotógrafos essenciais do século XX. Os trabalhos que produziu contam a história de um século - século esse importantíssimo para a construção do mundo como o conhecemos hoje.


A paixão pelas mais diversas artes - desde a literatura à pintura e ao cinema - levaram o francês a retratar grande parte das figuras que moldaram a cultura do século. Nos anos quarenta, Pablo Picasso, Henri Matisse, Georges Braque e Simone de Beauvoir. Nos anos sessenta, Marilyn Monroe, Alberto Giacometti e Coco Chanel.


O retrato é uma visita de cortesia que dura quinze ou vinte minutos. Como mosquitos prestes a picar, não podemos perturbar as pessoas por muito mais tempo”. A frase de Henri resume bem a sua visão da arte do retrato. A capacidade de capturar um instante, um olhar, uma expressão, e mantê-lo vivo para toda a eternidade. Sem nada tirar, mas sem nada dar também. Apenas a representação pura da realidade.


Fotografias: Sofia Matos Silva


No entanto, Henri Cartier-Bresson não se limitou a capturar os rostos da arte. Pelo contrário, a sua importância no mundo da fotografia vai muito além disso.


Alistou-se no exército francês, na unidade de “Cinema e Fotografia”, e em 1940 foi capturado e feito prisioneiro de guerra. Conseguiu escapar apenas à terceira tentativa, três anos depois. Após a fuga, manteve-se envolvido na guerra trabalhando para a MNPGD, uma organização que ajudava prisioneiros e fugitivos. Em 1947, fundou a agência Magnum, com Robert Capa, David Seymour, George Rodger e William Vandivert. A Magnum mantém-se até hoje como uma das grandes referências da fotografia.


De 1948 a 1950 andou pelo Extremo Oriente. Acompanhou os acontecimentos na Índia após a morte de Gandhi, os últimos meses do Kuomintang na China, bem como os primeiros meses da República Popular, e a independência da Indonésia. Em 1954, é o primeiro fotógrafo estrangeiro a quem é permitida a entrada na União Soviética desde o início da Guerra Fria.


Fotografias: Sofia Matos Silva


Mesmo para lá da fotografia, o talento de Henri também se destacou. Chegou a trabalhar como assistente de realização de Jean Renoir e fez outros trabalhos no mundo da produção ficcional. Na área do documentário, foi realizador de várias produções com caráter social: o sistema de saúde da Espanha Republicana, a vida dos soldados americanos durante a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Civil Espanhola, a repatriação de prisioneiros de guerra, entre outros.


Henri Cartier-Bresson faleceu no ano de 2004 em Montjustin, França. Fotografia, fotojornalismo, cinema, documentário e desenho; o francês foi excecional em tudo pelo que se interessou, tendo, aos 95 anos, deixado para trás um verdadeiro legado documental.


"É uma ilusão de que as fotografias sejam feitas com a câmara... são feitas com o olho, a cabeça e o coração."

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